A eleição de 2022 acabou com a vitória de Luis Inácio Lula da Silva, que será Presidente da República no Brasil pela terceira vez. Primeiramente é importante pontuar: o pleito foi justo, legítimo. Bolsonaro perdeu para ele mesmo, e perdeu a reeleição mais ganha da história.
Qualquer outro candidato minimamente inteligente, que estivesse pilotando um governo que derrubou o desemprego de 12,9% para menos de 8,5% teria elevada chance de se reeleger, mas não foi isso o que aconteceu. Então o que explica a vitória do PT?
Primeiro ponto. O Bolsonaro é um político de baixa inteligência e nenhum senso de estratégia. Bolsonaro foi eleito eleito em 2018 num golpe de sorte, em uma situação de caos econômico, lava jato na mídia, sensação de alta corrupção e de caos social. E o povo associava esse caos econômico e o desemprego à corrupção, que estava associada ao PT. Nesse cenário, o povo votou no candidato mais nitidamente contra o status-quo (PT), que era o Bolsonaro, que também se beneficiou do sentimento popular produzido pela facada.
Porém Bolsonaro é uma pessoa sem controle emocional. Quando foi colocado sob pressão, como no caso da pandemia, ele perdeu totalmente o controle emocional, e saiu decidindo loucamente. Cometeu erros básicos, como interferir na gestão da Saúde, o que acabou levando para ele a responsabilidade do sucesso ou fracasso no combate à pandemia. E o fato é que a sensação na pandemia foi de desastre. E o desastre, então, foi associado ao Presidente. E isso colocou nele uma uma rejeição enorme, que ele conseguiu reverter parcialmente durante a campanha, com o uso massivo da máquina pública, mas não foi suficiente.
Então, em 2022 temos um governo rejeitado (pela atuação louca do Bolsonaro na pandemia). Nessa situação o povo vota no candidato mais nitidamente identificado com oposição, que é o Lula. É simples assim.
PT - Partido de Massa
Maurice Duverger é um teórico de partidos políticos, que em sua teoria classifica os partidos em 2 tipos: Partidos de Massa e Partidos de Quadros. Os partidos de massa são os formados fora do parlamento, e os partidos de quadros são os formados dentro do Parlamento. Todos os partidos brasileiros são de quadro, exceto o PT que é o único partido de massa no Brasil.
Isso significa que o PT não precisa estar no poder para ser relevante, já que ele foi formado e cresceu fora do Parlamento. Os outros partidos dependem de estar no Parlamento e no Poder para serem relevantes.
É exatamente por isso que o PT sempre será forte, e ainda mais forte quando está no poder.
Direita dispersiva x Esquerda Unida
Mais um aspecto relevante apontado por Duverger que verificamos na prática nesta eleição. A Direita sempre é dispersiva, e a Esquerda unida.
A Direita em geral é formada por pessoas individualistas, então a Direita briga entre si. A Direita dificilmente se une, e é o que observamos desde que o Bolsonaro chegou ao poder: uma briga fraticida na Direita (Dória x Bozo x Leite x PSL x Democratas). Os caras se estapeando, se destruindo mutuamente, numa luta pelo poder.
A Esquerda, por outro lado, se uniu desde que o Lula foi preso em 2018, e proibido de disputar a eleição. Todos os líderes dos partidos de esquerda deram apoio ao Lula, desde o PCO até o PSB. E fizeram uma resistência democrática, e sempre dentro das regras da legalidade e do Estado Democrático de Direito. A Esquerda se uniu e permaneceu unida e monolítica até derrotar o inimigo maior, que é a Direita. Venceram por méritos próprios.
Conclusão
Não adianta culpar STF, mídia, etc. A Direita perdeu por erros próprios e do próprio Bolsonaro, que tem limitações intelectuais e cognitiva. O que esperar agora? Simples: no mínimo mais 15 ou 20 anos de PT no poder.
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