Os sinais de redução da atividade econômica na China começam a ficar cada vez mais evidentes. Primeiro foi a redução de preços e de vendas de imóveis nas principais regiões metropolitanas da China, e agora indicadores que o maior consumidor mundial das principais commodities está fazendo dieta.
Uma redução de preços de commodities será extremamente benéfica para a economia brasileira, apesar do que pensa o senso comum. Sim, com redução de preços de commodities nosso saldo comercial se reduzirá, podendo, inclusive, inverter o sinal de superavitário para deficitário. E, com isso, o Dólar se valorizará em relação ao Real, o que levará a uma redução da atividade econômica, seja por meio de uma contração monetária, seja por uma política fiscal mais austera.
O fato é que a euforia de consumo que turbinou a economia brasileira em 2010 não mais se verificará o que será extremamente importante para os planos do PSDB chegar ao poder em 2014 com Aécio Neves. Só isso já é uma perspectiva bastante salutar: a saída dos petralhas do Palácio do Planalto.
Entretanto, além do aspecto político, não resta dúvida que em termos econômicos também a redução de commodities será benéfica em termos estruturais. O Brasil, durante a era Lula, se acostumou a crescer sem investir, apenas com consumo e elevando o endividamento público e privado. O que torna a nação mais rica, que é o aumento de produtividade, não evoluiu em nada na era Lula. Pior, no governo Dilma a produtividade está em queda.
Aumentar a produtividade de uma economia não é tarefa simples. Exige disciplina e não populismo - como gosta o PT. Aumentar produtividade demanda maior investimento em Educação, Pesquisa e Desenvolvimento e Inovação, além de Infra Estrutura. Ocorre que, como sabemos, os petralhas são incompetentes para gerenciar esse processo. Assim, o Brasil patina. Pior: patina achando que está tudo bem pois há um crescimento da ordem de 4% impulsionado por crédito farto.
Com o fim da farra das commodities o Brasil terá que acertar as contas com seus fundamentos econômicos se quiser continuar a crescer, ou seja, precisará investir em infra estrutura, educação e tecnologia, e para isso os competentes gestores do PSDB terão que ser acionandos, colocando um fim na populismo lulopetista.
Quanto à China, a notícia do WSJ mostra que os dados mais recentes do comércio exterior chinês mostram que as importações chinesas se mantiveram em setembro; o volume de importações das commodities mais importantes se alterou pouco em relação a agosto. Mas se nos afastarmos dos dados mensais detalhados, veremos que 2011 não está sendo um ano forte. As importações de cobre e de soja caíram em relação a 2010. O crescimento das importações de petróleo teve forte queda.
E as coisas ainda podem piorar. O excesso de capacidade no setor imobiliário interno e o declínio na demanda pelos produtos chineses no exterior, com as exportações em queda pelo segundo mês consecutivo em setembro, sugerem que virão tempos difíceis pela frente.
Ainda não há motivo para pânico. A economia chinesa não está prestes a se paralisar: a maioria dos economistas prevê que o PIB aumentará em cerca de 9% em 2011 e 8% em 2012. Mas mesmo uma queda moderada no crescimento é preocupante para os mercados globais de commodities, que assumem que a demanda chinesa continuará a crescer rapidamente.
A Agência Internacional de Energia prevê que a demanda chinesa por petróleo crescerá 5,2% em 2012. Com um aumento de apenas 4% nas importações de petróleo nos três primeiros trimestres de 2011, a previsão de diminuição do crescimento do PIB em 2012 e o décimo-segundo plano quinquenal de Pequim pedindo uma redução no consumo de energia por unidade do PIB, a expectativa da AIE parece otimista.
Se cortarmos a previsão da AIE em dois pontos percentuais veremos que o crescimento da demanda global de petróleo deve cair em 200.000 barris por dia, o equivalente a 15% do aumento previsto atualmente. Com a perspectiva de aumento na oferta quando a Líbia se tornar mais estável, qualquer aumento nos estoques vai pressionar os preços, em especial o do Brent, muito estimado nos mercados.
Da mesma forma, a Alcoa informou, em resultados pessimistas divulgados esta semana, que espera um crescimento lento para a demanda de alumínio no segundo semestre. Mas mesmo essa previsão assume que o consumo chinês aumentará 10%, para compensar o declínio nos principais mercados ocidentais.
Os produtores de commodities não podem contar com um estímulo do tipo "choque e pavor" que impulsionou a demanda chinesa em 2009. A inflação alta e os encargos das dívidas assumidas pelos governos regionais reduzem as possibilidades de Pequim de gastar em outro pacote de estímulo econômico.
O governo parece genuinamente empenhado em construir moradias mais acessíveis. O trabalho em 98% dos 10 milhões de residências a preços acessíveis planejadas para 2011 já foi iniciado, e outros 10 milhões de unidades estão previstas para 2012. Mas isso apenas compensa a desaceleração no setor imobiliário privado.
Os otimistas em relação às commodities vão notar que a China é um consumidor estratégico e que os preços mais baixos podem tentar os compradores chineses a comprar as pechinchas. Há sinais de que isso já pode estar acontecendo no mercado de cobre, onde os preços se recuperaram ligeiramente de níveis muito baixos, perto de US$ 3 por libra no início do mês.
Além disso, o crescimento da demanda da China por commodities como a soja é impulsionado pelo aumento da renda do consumidor interno e pela procura de uma dieta rica em proteínas. Esse tipo de crescimento estrutural não deve ser muito prejudicado por mudanças cíclicas nas exportações e no mercado imobiliário.
Mas para os materiais industriais, a perspectiva de uma queda cíclica na demanda chinesa nos próximos meses é bem real. Depois de anos desfrutando do espetáculo da China devorando recursos a um ritmo acelerado, os otimistas das commodities não vão gostar dos sinais de uma redução nesse apetite.
Com informações [WSJ]
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