O economista Noriel Roubini, que ficou famoso por prever o estouro da Bolha Imobiliária nos EUA em 2008, afirmou que "a China não vai conseguir escapar a uma aterrissagem forçada de sua economia, o que deverá acontecer em 2013 ou 2014.
A perspectiva de uma “aterragem suave” é uma “missão impossível”, disse o economista, argumentando que o sobre-investimento “sempre” conduziu aterragens forçadas. Nunca é demais lembrar que a China apresenta uma taxa de investimento agregada superior a 40% do PIB, mais do que o dobro da taxa brasileira, a qual situa-se entre 17% e 20% do PIB.
Segundo Roubini, os políticos vão “fazer tudo o que for possível” para manter o crescimento acima de 8%, mas não o deverão conseguir, acrescentou. A economia chinesa terá provavelmente abrandado para uma taxa anual de crescimento de 9,3% no terceiro trimestre, depois dos 9,5% registados no trimestre anterior.
Europa não deve contar com ajuda da China
Roubini também avisa que existe uma elevada probabilidade de a recessão se espalhar às economias avançadas uma vez que o falhanço em controlar a crise de dívida da Europa choca com as perspectivas de recuperação dos EUA.
Sobre a crise da dívida soberana, Roubini deixa um aviso aos políticos europeus. A Europa não deve contar muito com a ajuda da China, diz o economista, sublinhando que a declarações de responsáveis chineses nesse sentido não passam de “conversa fiada”.
Efeitos no Brasil
A hipótese de uma redução abrupta do crescimento econômico chinês traz perspectivas negativas para a economia brasileira. Se o crescimento chinês cair abaixo de 8% o preço das commodities (minério de ferro, petróleo, soja, entre outros) irá se reduzir, o que reduzirá o superávit comercial da economia brasileira, podendo, inclusive, invertê-lo, resultando em um déficit comercial.
Nessa situação, o governo brasileiro se verá obrigado a desacelerar a economia brasileira, subindo os juros. Além disso, o dólar ficará mais caro, alimentando pressões inflacionárias, que também precisarão ser solucionadas com maiores juros.
Essas medidas levarão a uma queda importante do crescimento da economia, o que elevará o desemprego e à redução da renda. Evidentemente que esses efeitos econômicos terão efeitos políticos nas eleições de 2014, tendo em vista que a popularidade do governo nessas situações será afetada.
2014: Lula, Dilma ou Aécio?
Diante de um quadro de recessão, inflação e desemprego elevado, é evidente que a reeleição de Dilma Rousself será uma tarefa complicada, até mesmo impossível. O cenário poderá favorecer o candidato da oposição - Aécio Neves - do PSDB.
Ocorre que o PT poderá optar também por lançar Lula como candidato em 2014. Mas será que Lula topará? Sabe-se que Lula é um político populista e que para manter sua popularidade não pode governar em ambiente de restrições, que é o que se vislumbra para após 2013 ou 2014.
Além disso, dada a péssima capacidade gerencial dos governos petistas, as dificuldades econômicas e restrições orçamentárias ficam ainda mais evidentes em um tipo de governo baseado em fisiologismo, que é o formado pelo PT, pois os "aliados" demandam cargos e verbas para manter seu apoio no Congresso.
Conclusão
A economia brasileira sofrerá bastante com a desaceleração chinesa, e essa desaceleração terá reflexos políticos importantes. Os governos de Lula e Dilma não prepararam o país para um período de menor crescimento da economia mundial. Ao contrário, tornaram o país extremamente dependente dos fluxos externos de capital, que financiam o consumo interno e a popularidade dos presidentes.
Quando o cenário internacional virar, como o que está se projetando para 2013/2014, todo esse castelo de cartas petista irá desmoronar. Lula poderá ser chamado para salvar uma eleição, mas, uma vez eleito, terá que resolver o problema, aplicado um ajuste que ele não tem competência para fazer, além de demandar muito capital político. Não parece ser uma tarefa para um político populista e fisiológico como Lula.
Com informações [Jornal de Negócios]
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